O que o recente cenário entre as Big Techs impacta em nossa realidade como empresa e como pessoa física no Brasil?
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À essa altura, você já deve estar a par dos mais recentes acontecimentos envolvendo as Big Techs, o cenário político norte-americano e as questões relacionadas ao tratamento de dados pessoais (inclusive sensíveis) e algoritmos pelas principais redes sociais e plataformas.
Escaneamento de íris, Meta, TikTok, governo americano, OpenAI, Amazon e outras palavras-chave relacionadas às Big Techs estiveram nos trending topics mais recentes de janeiro deste ano.
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Por isso, vou deixar de explicar cada caso em detalhes por aqui. Essa minissérie que inaugurou o cenário de 2025 no mundo da tecnologia deu o que falar nas últimas semanas, principalmente nos últimos dias. Se você não conseguiu se atualizar sobre os temas, não se culpe nem se preocupe: qualquer portal ético de notícias está comentando sobre o assunto. E, como os meandros são tantos, vou condensar aqui o mais importante para que você não fique de fora das conversas e possa aprimorar seu senso crítico. Depois, você pode fazer uma breve pesquisa no seu buscador para acessar informações detalhadas de cada pauta.
Diante de todo esse contexto e dos detalhes que circundam os temas, ao observar as notícias, vídeos e imagens circulando sobre essas pautas na internet, refleti sobre alguns pontos que gostaria de compartilhar com você, leitor:
Seriam atualmente as Big Techs a nova potência econômica digital mundial?
Nesse contexto, todos nós vemos o seguinte:
- A posse de um dirigente de um país, de uma nação importante.
- Temos, reunidos em um só lugar, CEOs de empresas de tecnologia que dominam o mercado em diversos nichos e que conseguem, por meio de suas próprias plataformas, tratar dados de usuários de praticamente todos os países do mundo.
Dentro desse cenário, percebemos que a Economia, que já era digital, agora está extremamente baseada na era da Economia da Atenção e na Economia dos Dados.
A Economia Digital é aquela que já vivenciamos há anos, muito mais impulsionada pela pandemia desde 2020.
A Economia da Atenção, que vem ganhando destaque, é fundamentada na captação e retenção da atenção dos usuários das redes sociais. Quem consegue obter mais retorno, engajamento e, talvez, lucros? Aquele usuário, empresa, marca ou influenciador que consegue manter seu espectador por mais tempo em seu vídeo, conteúdo ou plataforma, convertendo ou impulsionando essa audiência para seus próprios canais, produtos e serviços.
A Economia dos Dados também é a que nos norteia atualmente: tratamos os dados pessoais dos usuários, leads, potenciais clientes, espectadores e da nossa audiência em geral, com o objetivo de impulsionar vendas e contratações, aprimorar nosso networking e gerar relacionamentos.
Sem perceber, muitas vezes estamos construindo perfis desses usuários que chegam até nós: analisando informações e montando um banco de dados de altíssimo valor, contendo gostos, hábitos, perfis de consumo, informações pessoais e detalhes mais específicos desses indivíduos. E isso nos é oferecido por meio de anúncios pagos nas redes sociais, compra de bancos de dados segmentados, entre outras práticas de mercado.
Anteriormente, dizia-se que os “dados são o novo petróleo”.
Hoje, entendo que a Economia dos Dados e a Economia da Atenção são o novo petróleo. Quem souber tratar adequadamente os dados pessoais, com conformidade legal, alinhado às leis de proteção de dados e privacidade, e com transparência e ética para o usuário, sairá na frente. Esse diferencial aumentará sua credibilidade e reputação no mercado, atraindo clientes e demonstrando sua capacidade de inovação.
Esse novo panorama traz novas oportunidades no cenário empresarial e também no âmbito pessoal:
- Para as empresas:
Com base nessa nova realidade da economia mundial, estar em compliance com a LGPD e outras legislações sobre proteção de dados e privacidade destacará sua empresa no mercado. Isso demonstrará transparência para o usuário, proporcionará diferenciação em relação aos concorrentes e evidenciará a preocupação em se adequar à legislação nacional como um todo. - O cumprimento da legislação nacional e internacional poderá ser um dos principais fatores para que os usuários (clientes) priorizem a sua empresa.
- Além disso, você conseguirá atingir um maior nível de organização interna, com a criação de processos específicos, governança em segurança da informação e padronização de atividades. Esses fatores certamente auxiliarão na conquista de maiores níveis de qualidade em serviços e atendimento.
- Para as pessoas:
É importante estarmos atentos a esse cenário, zelando pelos nossos próprios dados pessoais, buscando equilíbrio no uso das tecnologias e realizando uma curadoria consciente na vida digital. Assim, nos tornamos usuários mais responsáveis e informados.
Por Gisele Truzzi, CEO do Escritório Truzzi Advogados, Especialista em Direito Digital.